Depois de adormecer
De repousar no movimento da cidade
Na fuga para o sono
Com os olhos indecisos
Com a permissão para o corpo lento
Não é sonho
Vista da minha janela
Ela está aqui
A minha volta
Maior que nunca
Imensa
Gigante de pedra
Muito menos embrutecida
Disfarçada de cor
E iluminada
Por suas luzes falsas
Por sua clareza que pouco mostra
Seu momento multicor noturno
A cidade pesca meus olhos
E pisca diante de mim
Em cada feixe de luz
Cada traço de fio
Cada par de janelas
Uma fachada cinza
Uma vida
Que não se reconhece
Da decoração forjada
Da despesa inútil
Da luz que cintila em vão
A cidade pisca incerta
É só ressalva
Apenas acento grave da fantasia
A luz
A vida
E a cidade piscam
Lembrando
Que nada há de gratuidade
Nada dela é presente
Nem a luz do momento
Nem o sol da manhã
Lembro do escuro
Imagino satélites
Penso nos astros celestes....
[Vladso/2008]