quinta-feira, 6 de março de 2008


Série "Apetite"

Trabalho apresentado no Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia - 2007


Corpo (S)elf Service

O corpo tornou-se público e está exposto em todo lugar. Corpos-virtuais, impressos, descritos em textos de validade duvidosa, corpos e mais corpos. Corpos “locais-globais”, corpos multiculturais. Exibido nas bancas de revista, outdoors (vide campanhas de moda, anúncios de emagrecimento, propagandas de academia), na profusão de imagens espalhadas pelas websites, acessadas por curiosidade, fetiche e prazer sexual. O “corpo anônimo” exerce fascínio via imagem e palavra (vide a oferta de encontros pessoais no jornal). Artifício de sucesso e liberação, o corpo é público, objeto de consumo e poder. É legitimado, ainda que virtual. Se não podemos tê-lo ou sê-lo, contenta poder vê-lo.
Na série sugestivamente chamada de “Apetite”, corpos nus masculinos aparecem impressos sobre os pratos, alguns com os rostos propositalmente apagados, reiterando a caráter anônimo da imagem. A proposta é dialogar com a relação “corp(o)bjeto-função”. O corpo como elemento que se agrega a função primária do prato. Corpo consumível, formatado, padronizado.
O processo técnico de fotocópia e transferência busca uma forma de agir no mesmo nível da indústria de imagem/publicidade, tomando partindo de duas ferramentas: a tecnológica (fotocópias) e a manual (transferência da imagem). Não é meramente um detalhe técnico, mas referência a abundante multiplicação/propagação de imagens do corpo, bem como seu caráter efêmero e por vezes artificial, já que os corpos representados na mídia, particularmente a eletrônica/virtual, em sua maioria não correspondem ao real tendo em vista as diversas ferramentas de manipulação da imagem. É a reprodução da reprodução. Retiro a imagem de mídias específicas, transfiro-a para outros suportes que possuam um caráter comercial e subliminar, e manipulo-os numa relação de correspondência direta com o suporte. Na verdade a efetivação da proposta depende exclusivamente do suporte. Ele tem o potencial de resolução da obra. É o veículo conceitual da obra.





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